Anistia


O medo do poeta é tenebroso

Há tempos que o homem das palavras

Foi jogado ao calabouço

A dita aber tura deixou-o

Um tanto baratinado

Saindo aos poucos

Mui taciturna

É como o sexo escondido:

Agradável mas perigoso...

As mucamas devem ter roubado

O sêmen da criação

Nos escombros dos lençóis

Encardidos de suor

Nas visões mirabolantes

Do querer insaciável

Por isso a poesia foge do papel

Para não assassinar o alfabeto.


Rio, 15/05/1979.

Foto: Bárbara Rudge, Rua Direita, Tiradentes - MG, julho de 2018.

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