Era uma menina muito inteligente, alegre e carinhosa. Gostava de estudar e brincar no seu jardim. Sua brincadeira preferida era conversar com os animais. No quintal de sua casa viviam um casal de papagaios verde-azul-amarelo, um grande cachorro preto, uma tartaruga marrom-amarela e dois coelhos, um branco e o outro cinza.
A tartaruga vivia fugindo da conversa. Ela gostava de se esconder entre as plantas. A menina, depois de muito pensar, descobriu que a tartaruga gostava de ficar só. Já o casal de papagaios falava o tempo todo. Quem ficava cansada era a menina, de tanto ouvir as palavras repetidas. Ela pensou: “por isso a tartaruga foge, porque fica cansada de tanta conversa.”
O cachorro era um amigão. Gostava de pular, latir e abanar o rabo quando estava feliz. Os coelhos eram muito espertos. Corriam rápido e em silêncio. Gostavam de roer grandes cenouras. Todos os bichos se davam bem. Eles respeitavam suas diferenças e ninguém brigava. Quem tomava conta do quintal era o cachorro. Quando algum estranho aparecia por lá, ele latia alto.
A menina gostava de estudar e ler. Não via muita televisão, pois preferia conversar com os bichos e ler livros que contavam histórias. Logo cedo ela percebeu que os adultos não entendiam a fala dos seus amiguinhos.
Certo dia, a menina estava muito triste. Ela tinha visto do ônibus da escola uma turma de meninos jogando pedras num passarinho. Ela chorou muito ao chegar em casa. Seu coração estava dolorido. Sentada na grama do seu jardim, ao lado do cachorro e do coelho cinza, ela tentava entender porque os meninos não gostavam dos passarinhos. Foi quando ela viu um anão com um tremendo nariz e enormes orelhas. Ficou assustada e pensou em correr. O anão falou com uma voz suave e calma para ela ficar tranquila, pois ele não lhe faria nada de ruim. Disse que era um duende, e que estava ali para conversar. Falou dos bichos e das plantas, de como devem ser tratados com carinho e atenção, pois fazem parte do reino de Deus, que se chama Natureza. Ao partir, pediu para a menina continuar amando os animais, as plantas e os seres humanos, pois assim o mundo seria melhor e os meninos não iriam mais atirar pedras nos passarinhos.
Foto: Marcos Alexandre, Teresópolis, Hotel Alpina, outubro 2008.

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